Efeitos dos campos eletromagnéticos a longo/curto prazo
Nos dias de hoje todos nós estamos em contacto com campos electromagnéticos de baixa frequência ( 50 a 60 Hz) , seja em casa ou na rua eles estão presentes em todo o lado.
Terá esta interação interferência com a nossa saúde a curto prazo?
Foram realizados numerosos estudos com o objectivo de avaliar o efeito dos campos electromagnéticos a curto prazo sobre o corpo humano. Estes estudos têm sido praticados quer com voluntários, quer com animais (in vivo), quer ainda com preparações laboratoriais de tecidos celulares (in vitro).
A principal interação dos campos magnéticos de baixa frequência com o corpo humano é a indução de campos eléctricos que criam correntes internas. A exposição a campos elétricos de baixa frequência pode também causar efeitos na distribuição da carga elétrica superficial.
Estas correntes podem causar a estimulação de nervos e músculos. Um dos efeitos estudado é a excitação das células da retina e a indução de Fosfenos - manchas luminosas na periferia do campo visual.
Os efeitos da exposição dependem da frequência do campo EM, da intensidade, duração e tipo de exposição, incluindo a forma como se distribui pelo corpo exposto.
Algumas pessoas têm um risco particular como por exemplo, grávidas, pessoas que usam implantes médicos como por exemplo estimuladores cardíacos...
Valores Limite de Exposição (VLE) e Níveis de Ação (NA)
Para assegurar a segurança de trabalhadores e da população na presença de um campo magnético forte, foram feitos estudos para determinar valores que não se devam exceder para não prejudicar o ser humano.
Por indução magnética, os campos electromagnéticos exteriores podem causar correntes internas que prejudicam o nosso corpo. Os VLE correspondem aos valores a que o nosso corpo pode estar sujeito a partir dos quais podem haver alterações no corpo. Os VLE foram determinados, ponderando um fator de segurança no campo interno máximo (4 a 6 V/m) para trabalhadores e público. Para trabalhadores este valor é 5 vezes menor que o campo interno máximo (0,8V/m) e para o público o valor é 10 vezes menor, sendo este 0,4 V/m.
Estes estudos foram feitos pela ICNIRP, utilizando modelos matemáticos e simulações computacionais em exposições uniformes. Devido à dificuldade de calcular estes valores internos foram criados NA que correspondem aos valores do campo magnético externo que provoca estes campos internos equivalentes aos VLE, com um fator de risco de 10 vezes. São também definidos valores diferentes para o público e para trabalhadores.
Os NA para trabalhadores são 1000 µT e 10 kV/m e para o públcio são 200 µT e 5 kV/m para campos magnéticos e elétricos respetivamente, de acordo com os estudos publicados pela ICNIRP em 2010. Se não se ultrapassar os NA, não se ultrapassa os VLE. Se porventura se ultrapassarem os NA não é garantido que os VLE sejam ultrapassados.
Terá esta interação interferência com a nossa saúde a longo prazo?
Muitos estudos têm sido feitos para frequências mais altas mas para frequências entre 50 e 60 Hz, há poucos estudos ainda. Nos anos 80 e 90 foram realizados alguns estudos e em 2000 foi publicado uma síntese, "A pooled analysis of magnetic fields and childooh leukaemia" de Ahlbon et al , que concluiu que crianças expostas, por longos períodos, a campos electromagnéticos superiores a 0,4 µT têm duas vezes mais risco de ter leucemia.
Porém, os estudos em laboratório, não permitiram compreender/comprovar o mecanismo deste efeito negativo.
No entanto com base nesses estudos em 2002, International Agency for Research on Cancer (IARC), classificou campos magnéticos da corrente eléctrica, como "possivelmente carcinogénicos para os seres humanos".
Em 2005 foi publicado um novo estudo por Draper et al, "Childhood cancer in relation to distance from high voltage power lines in England and Wales: a case-control study", que também indica existir uma associação entre a proximidade geográfica das linhas de Muito Alta Tensão e um aumento da incidência de leucemia infantil.
Vários outros efeitos da exposição a campos eletromagnéticos tem vindo a ser estudados (depressão, distúrbios cardiovasculares, disfunções na reprodução, ...) mas não há dados conclusivos.
Há que ser prudente perante situações como, linhas
eléctricas de distribuição e transporte de alta e média tensão , transformadores e todos os dispositivos que criem
correntes muito elevadas próximos de locais de habitação ou de infraestruturas dedicadas ao ensino e à saúde
(ex: infantários, escolas, hospital) devem ser evitados.